segunda-feira, 31 de março de 2014

Firmênio


Domingo no minhocão, a estrada se torna um espaço público de lazer.
Acontecem festas, encontros e alegrias se espalham.
Conheci Firmênio num desses domingos. Orginalmente da Bahia, ele vive em São Paulo desde 1986.
Me contou que sua idade era igual ao seu peso: 62 anos, 62 kilos.
Ele recolhe latinhas e faz truques com bastões.
Conversou comigo sobre muita coisa: desde sua vida na Bahia até sobre política e religião.
Estava muito preocupado com o avião que tinha desaparecido. Pegou num jornal que tinha no bolso, leu uma parte da notícia sobre o avião. Ao nos despedir, ele me deixou o jornal de presente: Fique com ele! Eu já li! Sorriu, e continuou sua caminhada,em busca das latinhas perdidas e espalhadas.


Rita Couto



terça-feira, 25 de março de 2014

Qual é o nosso nome?

Somos Ariadne, Felipe, Isabela, JaninaLeonardoLivyRita e Tiago, colegas e aprendizes da SP Escola de Teatro.  Vindos de diferentes áreas, como atuação, dramaturgia, humor e sonoplastia,  nosso interesse aqui é o olhar afetivo e o registro artístico sobre o morador de rua, este outro cujo nome dificilmente é descoberto.

Com abordagens diretas e sensíveis, nosso objetivo é delinear a imagem do próprio morador de rua partindo do seu nome e das experiências relatadas nesse encontro. Particulares e efêmeras, nossas conversas não serão capazes de produzir um retrato fiel do perfil dessas pessoas, tampouco transformaremos a estrutura física de suas vidas.  No entanto, a proposta é entender e recriar suas histórias a partir dos fragmentos que nos serão apresentados.

Narrativas e imagens únicas e diversas mostrarão a complexidade da comunidade de rua, que sofre, não só de impedimentos sócio-econômicos, mas também de invisibilidade social, sendo normalmente encarada como um massa homogênea de pessoas sem identidade.  Pretendemos resgatar a individualidade e história desses cidadãos, de forma a recuperar a memória de cada um e, mais amplamente, tentar entender a complexidade desse modo de vida tão banalizado e, ao mesmo tempo, tão singular.

Acreditamos que através deste contato, não só humanizamos nossos olhares, mas também nosso próprio entorno, uma vez que dividimos com nossos parceiros de pesquisa um pouco da sensibilidade que pretendemos trazer para o nosso teatro.

Não é apenas a arte que nos une, mas, acima de tudo, a questão humana que, obrigatoriamente, perpassa todas estas histórias e a nossa própria experiência.